Dizia o outro que se os conselhos fossem bons não se davam, vendiam-se. Não pretendo nada em troca, apenas partilhar a minha experiência nos papéis de consumidor e gestor de marketing. De qualquer forma, se não fará compras nesta épica, este artigo não é para si. Se a sua empresa não vai fazer qualquer ação na Black Friday, também não. Afinal, o que é isto da sexta-feira mais negra (para muitos) do ano?
A Black Friday é originária dos Estados Unidos, e o dia em que é celebrada corresponde sempre à última sexta-feira de novembro. É o dia que inaugura a temporada de compras natalícias, no qual debandam promoções nos retalhistas e um pouco por toda a parte. Tem a curiosidade de acontecer no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.
Começo pelos conselhos aos consumidores, sobretudo porque, mesmo para aqueles que abordam esta época de uma forma profissional, são também eles consumidores. Eis, os 5 conselhos para não ser “comido de cebolada” na Black Friday:
- Acompanhe o preço dos produtos: A verdade é que somos tentados com grandes letterings e cores atrativas para adquirirmos um determinado produto, seja online ou em loja física, mas na realidade não sabemos a evolução do seu preço ao longo do ano. São muitos os casos em que os preços da Black Friday não diferem de uma qualquer promoção antecedente. Uma boa forma de sabermos a evolução do preço é utilizar o gráfico da plataforma Kuanto Kusta, que nos dá essa perspetiva de evolução do preço ao longo do ano. Vejam este exemplo deste aspirador.
- Planeie as suas compras: Também nós, como consumidores, devemos fazer um planeamento desta época. Porque não fazermos uma lista dos produtos que realmente necessitamos e que possam realmente ser um benefício? Não efetuando esse planeamento, corremos o risco de comprar produtos que não temos tanta necessidade, fazendo-o de forma impulsiva, e assim esgotar o orçamento disponível para esta época. Este conselho é útil especialmente para aqueles que partilham a conta bancária com o parceiro. Evitem problemas desnecessários. 🙂
- Cuidado com as burlas: Existe uma correlação positiva entre a proliferação do digital e as burlas na internet. De forma a alertar os consumidores menos atentos ou com menos literacia digital, estas situações até já foram notícia na televisão. Sabe aquele momento em que acha que deve beijar uma pessoa, mas não sabe se deve? Provavelmente é porque deve fazê-lo. O mesmo acontece com as burlas. Se acha que aquele site lhe “cheira a esturro”, é porque muito provavelmente não é confiável. Se por algum motivo tiver dúvidas sobre um determinado anunciante, consulte o Portal da Queixa, onde tem a oportunidade de investigar se já aconteceram situações similares com outros consumidores.
- Escolha bem a quem compra: No que toca às compras online, somos cada vez mais atraídos e invadidos por campanhas de google shopping, de remarketing (aqueles anúncios que o perseguem por todo o lado), de Facebook, etc… Não se deixe atrair pela primeira opção que aparece. Já aqui falei no KuantoKusta, que permite comparar preços do dia exato da pesquisa, mas tem outros que são específicos para cada atividade, ou a bem conhecida DECO. Este ponto não tem tanto a ver com a possibilidade de burla, mas sim com outras questões importantes como os portes, o prazo de entrega, o serviço pós-venda, etc…. Conheça os seus diretos. Consulte sempre as perguntes frequentes das lojas online e recolha a máxima informação sobre trocas, devoluções e outros aspetos relevantes.
- Informe-se, comunicando: Em contexto de loja física. Somos tendencialmente um povo que não gosta de passar vergonha, que prefere ser enganado a mostrar a sua indignação. Lembra-se dos conselhos 1 e 2? Vá passando na loja e questione sobre as campanhas que vão acontecer. Antecipe as suas decisões e faça compras conscientes, em locais onde a comunicação é transparente, sem truques. A maioria das lojas atualmente já não tem interesse em enganar o cliente. A nova geração de consumidores está cada vez mais atenta, mais informada, e também mais pobre, o que leva aos anunciantes a um sentimento de quase “lealdade obrigatória” perante ou seus potenciais ou atuais clientes.
Agora para as empresas ou anunciantes, esse patinho feio que tanto nos torna felizes como infelizes, mas que no fundo só quer ganhar a vida, seguem os 5 conselhos, ou boas práticas, a ter na Black Friday:
- Não determinar objetivos: Em qualquer campanha, anúncio ou comunicação deve haver um planeamento estratégico. Na minha opinião, todo esse planeamento parte de um pressuposto, de um ponto de partido, de um objetivo. Obviamente que, no limite, queremos sempre vender mais. No entanto, esse objetivo comum a todos os anunciantes deve ser esmiuçado: 1) quero vender artigos para escoar stock; 2) quero vender artigos da nova coleção; 3) quero captar novos clientes; 4) quero privilegiar os clientes habituais; E tantos outros que poderiam existir. Por último, mas não menos importante, seja organizado, calendarize as suas ações.
- Não utilizar os vários canais digitais: Provavelmente já percebeu que tem de vender online para sobreviver. Que sem essa fonte de rendimento provavelmente já estaria falido, muito potenciado pelos efeitos da pandemia. Lembre-se que o paradigma mudou e o novo consumidor digital está mais informado, mais conectado, menos impulsivo, mais exigente, mais participativo. A possibilidade de incorporar canais digitais na sua comunicação como as redes sociais, o email marketing, a publicidade paga ou o SEO nunca esteve tão próxima. Utilize o email para comunicar com os seus clientes. Utilize os anúncios para comunicar com potenciais clientes e aumentar a sua rede. Utilize o google ads para ser encontrado em palavras-chave em que tem autoridade para ser encontrado. O marketing digital não é só umas publicações no Facebook.
- Tentar salvar o ano com a Black Friday: Se está a chegar a esta fase do ano e está longe dos objetivos propostos, provavelmente está a trabalhar mal durante todo o ano. Se pensa que irá salvar o ano com um maior investimento em anúncios nesta época, provavelmente não irá resultar. Recorde que, assim como você, todas as outras marcas querem aproveitar o bichinho comprador das pessoas. Apesar do número de pessoas em “modo comprador” aumentar nesta época, a concorrência aumenta ainda mais. Se está a centrar a sua comunicação apenas em anúncios, provavelmente vai vender, mas a sua margem será bastante reduzida. No seguimento do conselho número 2, adeque outras formas de comunicação com o seu público-alvo, educando-o, tornando-se uma autoridade, ouvindo as dores dos clientes, mantendo uma comunicação regular, para que nesta altura a escolha em si aconteça naturalmente.
- Adapte o conteúdo aos vários formatos: Pare de ser amador. Atualmente existe um sem número de ferramentas, muitas delas gratuitas, que o podem ajudar a criar conteúdos atrativos para os diversos formatos. Faça uma análise prévia do seu público-alvo, da sua persona, ou seja, faça uma representação do seu cliente ideal e siga os seus interesses. Após este passo, crie vídeos curtos com hashtags populares no TikTok e Reels, publique histórias com as promoções, publique um anúncio de um determinado conteúdo com a respetiva segmentação do seu público-alvo. Seja profissional e metódico, não queira ser tudo para todos. Se pensa que não deve investir tempo na criação e brio de conteúdos, já está a ficar para trás.
- Não tente ludibriar os clientes: Por várias vezes falei neste artigo sobre as características e atributos do novo consumidor digital. Vivemos na era com mais informação de sempre, em que os consumidores têm voz e inclusivamente agem em prol dos seus benefícios como comunidade. As revisões de produtos são das variáveis mais determinantes para as compras online, assim como os testemunhos sobre outros aspetos relevantes de todo o serviço. Já para não falar na questão dos preços, mais significativa nesta altura em que existe uma tendência para atrair os consumidores com o fator preço. Lembre-se que opinião e/ou critica negativa pode significar muitos milhares de euros em perdas. Seja honesto, valorize o seu cliente e pense no longo prazo.
Haveria muito mais a dizer sobre este tema, sobretudo desdobrando as questões relacionadas com o marketing digital. Se é consumidor ou empresa e tem alguma questão relacionada com a Black Friday ou temas relacionados, fale comigo. Boas compras! Boas vendas!
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