O Marketing que não dá likes

O “like” ou o “gosto” é uma métrica que nos indica se o utilizador “gostou” de uma determinada publicação numa qualquer rede social. Para muitos, o maior indicador de sucesso no Marketing Digital. Coloquei as aspas pois esse sentimento é relativo. Apesar de termos outras formas de expressar o nosso sentimento, como por exemplo no Facebook, através de emojis com a lágrima ou o coração que expressa o adoro, o like continua a ser uma ação que nos permite avaliar se uma publicação teve sucesso. Mas…a nossa estratégia digital terá de ser feita em função da obtenção de likes?

A resposta à pergunta anterior é um redondo NÃO! Primeiro, é necessário enquadrar o contexto. Quem anda com o mínimo de atenção ao ambiente digital, já percebeu que a Meta limita cada vez mais o alcance das nossas publicações. Sobretudo, quando se trata de publicações de páginas de negócios, onde o conteúdo é essencialmente sobre os seus produtos/serviços. A Meta privilegia e potencia conteúdo que é essencialmente de “interesse público”. Dou sempre o exemplo extremo, que é que quando queremos comunicar que morre alguém. Já viram alguma publicação destas com pouco alcance?

Não querendo entrar em pormenores demasiado técnicos sobre o algoritmo da Meta, mas existem algumas estratégias que podemos utilizar para obter mais alcance (e mais likes!) no nosso conteúdo orgânico (que não é pago). Uma das formas é humanizar a nossa comunicação. Por outras palavras, apostar em publicações que envolvem pessoas – como por exemplo, mostrar fotos de uma ação de team building, ou o estabelecimento de uma parceria com universidades para captar alunos recém-formados. 

Outra das faces desta realidade, é que já não podemos viver sem o conteúdo patrocinado (pago!). Longe vai o tempo em que as nossas publicações orgânicas atingiam percentagens de alcance por número de seguidores gigantes. Aquilo que a Meta fez com os seus utilizadores não é mais do que um traficante faz com um viciado. Mesmo que possam priviligiar o conteúdo do feed de acordo com os interesses dos seus utilizadores, a verdade é que a Meta pretende apenas que as páginas de negócios apostem em anúncios pagos.

Mas voltemos ao like. Aposto que se perguntarmos a dez empresários se preferem ter mais likes ou vender mais, a resposta será a segunda opção. Então, porque ligamos tanto aos likes? Já alguma vez pararam para pensar no vosso comportamento ao “fazer um like”? Normalmente, damos like àquilo que nos é mais próximo, como publicações de amigos, de família, de notícias de interesse, e pouco mais. Uma outra perspetiva interessante é que o like funciona um pouco como a dinâmica do restaurante vazio vs restaurante cheio. Se tem poucos likes (ou nenhum), não quero ser o primeiro, mas se já tiver uma “catrefada” de likes, serei só mais um. Na verdade, gostamos pouco de “deixar o nosso rasto”.

Agora que percebemos um pouco o submundo dos likes, espero que deixe de ligar tanto a essa métrica, pois uma estratágia de Marketing Digital é muito mais do que ter likes. Apostemos noutros canais digitais mais diretos como o email marketing, onde mais facilmente conseguimos avaliar um suposto “interesse” do utilizador, através das métricas das aberturas e dos cliques. Apostemos no desenvolvimento de conteúdo que possa ajudar o utilizador a perceber de que forma pode ter resposta às suas dúvidas e/ou necessidades. Apostemos em anúncios bem segmentados com a mensagem adequada, onde damos a conhecer as nossas propostas de valor, dentro de páginas bem elaboradas onde o utilizador consegue percecionar as nossas vantagens competitivas.

Apostemos sim, num Marketing que não dá likes.

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